Crónicas de uma "reclusa" - 1

Há dias que custam um bocadinho mais a passar que outros... estarmos condicionados a um espaço que é o nosso consegue tornar-se claustrofóbico. Desde sempre tive uma ligação estranha de dependência a este meu espaço... E sei que o vou continuar a ter, por muito longe que possa estar dele, mas estar impedida de sair custa-me....

Hoje dei comigo a enumerar algumas coisas de que sinto falta:

1. Ir à Emanha comer gelados ou beber cafézinhos... Ser posta fora discretamente pelo apagar das luzes;
2. Ir a um bar (aka café com pouca luz) e ser posta fora discretamente pelo acender das luzes;
3. Jantar e ir ao cinema a seguir... Ou chegar tarde e ter de comer à surra na sala do cinema;
4. Jantares de amigas combinados em cima do joelho, regados de boa conversa e muito disparate;
5. Ir para festivais de tunas em sítios desconhecidos, movida por motivos altamente duvidosos;
6. Ir à praia só para ver o mar;
7. Entrar numa loja só para desdenhar da colecção inteira;
8. Experimentar todos os sapatos da loja, independentemente do tamanho do salto;
9. Subir e descer as escadas no trabalho 10 dezes só para não passar tanto tempo naquele espaço;
10. Sentar-me na posição de Lótus por um bocadinho;
11. Dormir/ler/jogar computador deitada de barriga para baixo;
12. Pegar na minha pestinha ao colo e rodopiar com ela;
13. Sonhar e achar que se pode concretizar.

[E cá está, um post com um título diferente do habitual...]

#11 de 2010

"Every man is a damn fool for at least five minutes every day; wisdom consists in not exceeding the limit."
Elbert Hubbard

Não me considero uma pessoa propriamente sábia... mas hoje acho que me esmerei no meu disparate diário... Por algum motivo que me transcende tenho sono! Até parece que não durmo em doses diárias semelhantes a um koala (secalhar não durmo, mas isso agora não vem ao caso)... Mas voltando ao cerne da questão: num dia em que se está a cair de sono, em que já se esgotaram todas as possibilidades dos jogos online, em que já se leram as notícias nos jornais e já se visitaram as páginas do costume, não se diz, e repito, não se diz "head back safely, i will be here when you arrive" à meia noite e meia sabendo que o "head back" é coisinha para demorar 2h!!! Mas onde é que eu estava com a cabeça? Ah, já sei, era só mesmo para o convencer a não usar o Skype enquanto conduz! Mania de me armar em mãezinha... PARVA!
Agora, como é óbvio, além de ter sono estou rabugenta!



"All things are difficult before they are easy."
Thomas Fuller

Ora se isto se aplicasse ao orçamento em que estive a trabalhar depois de jantar e que já enviei ao cliente é que era de valor... Assim de repente uma encomenda naquele valor dava-me um jeitão a mim e ao meu projecto "a ver se pago o carro antes de ele ter de ir à inspecção"...



"The best way to make your dreams come true is to wake up."
Paul Valery


Esta frase lembra-me uma música na voz de uma pessoa. (é clicar) Porque é possível concretizar sonhos. E vê-los a realizarem-se.
Tenho sonhos a curto, médio e longo prazo... O mais importante de todos (ou pelo menos o que mais domina a minha mente) pode estar um bocadinho mais perto de se realizar. Em menos de um mês saberei como as coisas estão a correr na minha recuperação, se foi tudo como esperado e posso continuar a minha expectativa de ter uma existência "normal" ou se correu alguma coisa mal. Não quero ser pessimista, mas "shit happens"... and boy do i know it! Outra coisa que descobri nos meus devaneios pela blogosfera é que o Lethes é na semana em que recebo as notícias. Um bocadinho de mim pensou que seria uma comemoração bem gira se fossem boas as notícias...

[Mais informo que um dia vou usar títulos originais e inspirados... just not today]

#10 de 2010

"Work is not man's punishment. It is his reward and his strength and his pleasure."
George Sand

Depois de ler esta frase, fiz a única coisa que tinha a fazer: procurar no Google quem é este ser!! E vem a wikipedia dizer-me:

"Amantine (also "Amandine") Aurore Lucile Dupin, later Baroness (French: baronne) Dudevant (1 July 1804 – 8 June 1876), best known by her pseudonym George Sand (French pronunciation: [ʒɔʁʒ sɑ̃d]), was a French novelist. She is considered by some a feminist although she refused to join this movement. She is regarded as the first French female novelist to gain a major reputation.[1]"

E ainda:

"Sand conducted affairs of varying duration with Jules Sandeau (1831), Prosper Mérimée, Alfred de Musset (summer 1833 – March 1835), Louis-Chrystosome Michel, Pierre-François Bocage, Félicien Mallefille and Frédéric Chopin (1837–47).[4]"

Pois claro, só alguém com muito pouco tempo livre para trabalhar é que poderia ter escrito uma barbaridade daquelas! Isso ou nunca teve o (des)prazer de ser funcionária de um local em que brincam às empresas!
Fantástico como, mesmo estando em casa, o meu chefe consegue tirar-me do sério! Eu sei que o desemprego está a crescer a um ritmo alucinante, mas será que a minha sanidade mental vale o esforço de me manter por aqueles lados?!

#9 de 2010

"Absence diminishes mediocre passions and increases great ones, as the wind extinguishes candles and fans fires."
Francois de La Rochefoucauld

Esta frase soa-me um bocadinho preocupante... Fogos a serem ateados e alimentados pelo vento enquanto os bombeiros tentam desesperadamente apagá-los não é um cenário desejável e bonito... Por analogia, será bom ou saudável deixar que um amor cresça na distância e ausência? Será que para que esse amor tenha mesmo essa conotação não tem de haver contacto e proximidade?

Hoje deu na TVI o filme mais fá-lá-lá de todos os tempos, que eu, pelo simples motivo de não ter nada melhor para fazer, resolvi ver:



Achei giro... Se há o american dream da casa com a cerca e a família feliz, porque não haver um filme que dá esperança às gordinhas desse Mundo de serem felizes e bem sucedidas? Já para não falar em amadas... Pelo sim pelo não já comprei o meu bilhete para a Nigéria.. Segundo o filme os homens de lá até gostam de mulheres com um bocadinho de área a mais... Pena que seja um bocadinho branquita para o cenário, mas pode ser que passe por exótica...

No fundo eu só quero que o postal seja entregue em mão e com um beijo a acompanhar...

#8 de 2010

Chega um bocadinho atrasado este post! Eu que tinha pensado em algo ao espirito de S. Valentim ou então de Carnaval... Mas depois apercebi-me que por vezes confundo as duas coisas na minha cabeça! Porque o "amor" por vezes também inclui máscaras e farsas. Disfarces do que se é ou daquilo que não se deve ser. Tudo em nome do dito amor. Fantasia-se e pinta-se o que existe com cores bonitas. Sá para fingir que se vive um eterno Carnaval de folia. E quando o pano cái, a pintura esborrata e se vêem as verdadeiras cores, fica só a lembrança de algo que foi bonito, mas que não durou. Afinal de contas, o Carnaval são só três dias...

Admito que permaneço um bocadinho céptica em relação ao amor. Não consigo encará-lo de outra forma ou com menos reservas. O ano passado encontrei algo deixado no meu carro (como presente) no dia de S. Valentim. E acreditei que podia ser um sinal. Era, eu é que li mal... Para a próxima já sei que encontrar algo deixado em vez de o receber em mão não é bom nem querido, é só o prenúncio do fim...

"Beginning to think I'm wasting time
don't understand the things I do
the world outside looks so unkind
so I'm counting on you
to carry me through"

{por favor carregar ali na citação que o blogger não colabora...}

#7 de 2010

"The human race's prospects of survival were considerably better when we were defenceless against tigers than they are today when we have become defenceless against ourselves."
Arnold J. Toynbee

Aquilo que mais nos magoa geralmente tem origem naquilo ou naqueles que mais amamos. Pois é o que nos é caro e precioso que nos pode afectar. Perder o chão e deixar de se saber quem somos e para que somos. Porque às vezes, só às vezes, é importante ter algo a que nos agarrarmos quando tudo parece desmoronar. E mantendo-nos firmes, conseguir dar a mão a alguém e puxá-lo para cima. Vivemos numa selva, só que agora os animais selvagens somos nós...

#6 de 2010

I have tried to know absolutely nothing about a great many things, and I have succeeded fairly well.
Robert Benchley

Sentir que nada se sabe, mesmo depois de anos a ler, ouvir, sentir, pensar, .... Algo se há-de conseguir extrair das experiências vividas, daquilo que fomos e fingimos ser. Do eu que efectivamente somos e do eu que fingimos ou tentamos ser.

Algo positivo?

#6 de 2010

"It does not matter how slowly you go so long as you do not stop."
Confucius

Por vezes sentimos que a nossa vida está estagnada, que não estamos a fazer ou a conseguir nada. Mas todos os dias aprendemos um bocadinho, a viver melhor, a lidar com os obstáculos que se nos deparam quando apenas desejamos um mar de calmaria... Seja como for, estamos sempre a avançar e a aprender, por muito lento que pareça o processo.

Pelo menos vou dizendo isso a mim própria e talvez venha até a acreditar.

#5 de 2010

Gosto particularmente da originalidade que o ano novo me trouxe no que diz respeito à escolha para nomes de posts!... Confesso que não sabia o que devia escrever hoje até agora! É que acabou de passar um anúncio na tv que me encheu de alegria e esperança! Eu, que tão abalada tinha ficado quando me deram o duro golpe de o recusar por já não ter idade!



O CARTÃO JOVEM AGORA É ATÉ AOS 30 ANOS!!!!

Posso ser considerada jovem por mais um par de anos e voltar a ter desconto no cinema!

E pronto... em vez do post absolutamente deprimente que estava na calha ficou este ;)

#4 de 2010

Olhar para o ecrã e ver para lá dele, para além da parede e de tudo aquilo que faz sentido. Simplesmente olhar para o tempo que passa sem darmos por ele, tentar perceber como foi e como devia ter sido. Esperar. E tentar encontrar nesses meandros do tempo que passou aquilo que devemos e podemos ser.