E eis que não estou na praia...
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A campainha tocou uma vez. Não devia ser o carteiro, porque é do senso comum que o carteiro toca duas vezes. A boa disposição que reinou desde manhã deu-lhe o impulso para saltitar até à porta, nas suas botas de menina de liceu.
E lá estava aquela voz. Que trouxe consigo o sorriso que se ouve e a boa disposição que se contagia. E olharam-se por longos minutos, com os sorrisos estampados no rosto a gravar na memória aquele momento. Apenas se estavam a desenhar os contornos das vozes, a ver o enquadramento que havia. E tudo batia certo e encaixava. E continuava aquele momento encantado. Sem constrangimentos ou receios. Era ele. Era ela. Eram amigos.
E o abraço sentido, carinhoso, forte. "São as tuas botas de esquimó?" "-São tão lindas não são?". O sorriso não saiu mais. Colou-se com super cola e não tem intenção de sair.
E ele teve de ser partilhado. Porque não era só dela aquela visita. E fê-lo. Sem problemas ou ciúmes. Porque os abraços eram sentidos e eram só dela.
E a despedida impôs-se. E a vontade de a adiar estava estampada nos dois sorrisos. E aquele abraço e aquele beijo falaram por tudo o que não tinha sido dito e que ficara apenas a pairar.
E ela soube naquele instante que era possível voltar a confiar. E que ainda tinha dentro de si borboletas que podiam voar. E que aquele toque e aquele momento iam ficar sempre gravado dentro de si como um ponto de viragem.
1 comment:
Temos mesmo que ir beber o tal chá :P
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