Haviam coisas guardadas há tempo demais. Que já sufocavam todas as coisas que aconteciam e podiam vir a acontecer. Porque não havia espaço ou força para mais.
E a moinha continuava. O pensamento que não se apagava com o tempo. Ele ia e vinha, mas nunca se apagava, mesmo quando assim parecia.
Tanta energia gasta a construir muros e defesas. Sorrisos perdidos, sonhos não alcançados. Tudo destruido com um simples olhar. Com um sorriso. As barreiras cairam como se de papel fossem feitas.
E aceitou-se, porque não se podia fazer mais nada. O mal estava feito e não havia como voltar atrás. Não houve tempo para arrependimentos ou inversões estratégicas.
E lidou-se com isso, mais ou menos, durante muito tempo. Numa semi-obscuridade, num segredo partilhado com todos. Porque as barreiras foram tão destruídas que já não havia capacidade para ocultar o que se passava.
E com o passar do tempo elas foram sendo reconstruidas. Devagar, sofrendo uns abalos de vez em quando, mas sentindo a urgência a cada novo embate.
O tempo conseguiu erguê-las de novo, mas deixou sempre uma fenda aberta para aquele sorriso que as havia destruido. Enquanto ele pudesse espreitar por aquela fresta, a probabilidade de as quebrar novamente seria menor.
Até um dia. Em que as destruiu quase por completo novamente.
Mas desta vez elas estavam fortalecidas e resistiram ao embate. De momento. Porque as fundações continuam em risco de ruina. E a cada dia que passa, a cada pequeno abalo elas mostram mais a fragilidade que nelas habita.
E a dor que isso lhes traz é quase insuportável. Mas é apenas quase. E de alguma forma elas hão-de resistir e voltar a ser o que eram. Talvez mais fortes ainda!
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Porque tosse? Porque há coisas que se agarram a nós de tal forma que sao piores que a tosse...
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